Estamos nos aproximando do mês de julho e, com ele, as convenções partidá- rias, que se estendem do dia 20 de julho a 5 de agosto. Elas definirão quem serão os candidatos em quem vamos votar em outubro próximo. Há meses, talvez um ano, estão nas ruas e na imprensa candidatos a candidatos que, embora proibidos pela lei eleitoral, ninguém duvida de que estão em plena campanha. Já somam 17 candidatos conhecidos pretendentes à presidência da República, por exemplo. Ao governo do Estado um pouco menos, mas são muitos igualmente.
Devemos voltar nossas atenções para identificar o que dizem e quais propósitos pretendem, se eleitos. Há pouco mais de uma semana, um órgão de comunicação reuniu, na Serra gaúcha, os candidatos à Presidência, à exceção do representante do PT, porque foi indeferida a pretensão de apresentar um representante do presidenciável Lula. Todos tiveram a oportunidade de expressarem suas pretensões como aspirantes ao cargo máximo da nação. Li, com renovado interesse, o que disseram e a frustação foi grande. Nenhum deles, de Bolsonaro à Manuela D'Ávila; de Geraldo Alckmin e Ciro Gomes; de Guilherme Boulos a Henrique Meireles etc, ninguém apresentou qualquer novidade. Parecia plataforma de 2014, 2010 ou de eleição anterior.
Todos propugnaram por uma reforma tributária; melhor salário para os policiais; mais recursos para a educação. Um dos pretendentes chegou a mencionar que um policial militar não pode receber R$ 4,5 mil mas acima de R$ 10 mil. Entretanto, ninguém esclareceu como isso tudo vai acontecer. A origem dos recursos necessários, por exemplo. Todos muitos cuidadosos em fugir do debate que envolvesse assuntos polêmicos e que pudesse comprometer a soma de votos.
Uma semana depois, Ciro Gomes, em entrevista a jornal com circulação estadual, não se decidiu sequer à questão da libera- ção da maconha. Perguntado sobre sua opinião sobre a descriminalização da maconha, respondeu: "Não penso mais nada. Como intelectual e militante, minha opinião está na internet. Nunca me omiti". E desconversou, o que fez em relação a outros temas. Afinal, é contra ou a favor à descriminalização da maconha? Esse comportamento é geral para os candidatos à eleição majoritária, como à proporcional, deputados estaduais e federais. Por que não enfrentam os eleitores com sinceridade dizendo o que realmente pensam e o que efetivamente irão realizar? Isso pode não render os votos necessários para serem eleitos e ninguém quer entrar nessa disputa para perder, desinteressando como conseguir vencer.
Resta a nós, eleitores, um comportamento mais honesto ouvindo a todos e definindo o candidato, não pelo que dizem, mas pelo que será possível realizar, ainda que não represente a vitória pela soma de votos. Também temos que mudar nosso comportamento para, um dia, mudar o país. Será?